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Recado ao Dia da Mulher!


Prezadas servidoras e prezados servidores!


No dia internacional da mulher, comemorado hoje, 08 de março, cabe destacar esta data como um marco histórico da resistência feminina e convidar a todas e todos à reflexão. 08 de março foi engendrado no ambiente de trabalho das mulheres e é sobre esse aspecto que gostaríamos de falar brevemente.


Foi no contexto alemão, entre mulheres trabalhadoras, no ano de 1910, que uma feminista marxista alemã, Clara Zetkin, propôs primeiramente que se pensasse um dia especial das mulheres, e a primeira conquista que se almejava era o direito ao voto para elas.

O incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York, ocorrido em 25 de março de 1911, que resultou na morte de 146 trabalhadoras, consolidaria o mês de março como o momento de reflexão sobre a importância de condições dignas e igualitárias de trabalho para as mulheres.


Por fim, cabe destacar a luta de mulheres operárias russas, que, em 23 de fevereiro de 1917 (8 de março no calendário ocidental), tomaram as ruas contra a monarquia russa e pelo retorno dos soldados que lutavam na Primeira Guerra Mundial. A revolta se estendeu por vários dias, com saldo positivo para as revoltosas, que viram a queda da autocracia russa. Esses acontecimentos estiveram no cerne da escolha de 8 de março como o dia internacional da mulher. A data foi definida na Conferência Internacional das Mulheres Comunistas, ocorrida em 1921, mas foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) somente em 1975.


A luta travada pelas mulheres naquele momento histórico esteve vinculada fortemente, portanto, a um movimento político e operário, de luta contra a opressão de gênero e classe. Hoje, seguidamente vemos tentativas de esvaziar essa data de seu caráter político e sua origem operária e tomar o 8 de março como mais um dia comercial.

É importante não esquecermos que, à parte as hipocrisias que cercam este dia, as mulheres continuam sofrendo opressão de classe, raça e gênero, sendo as maiores vítimas da violência e da desigualdade.


Enquanto mulheres trabalhadoras, é preciso lembrar, com bell hooks (no ensaio “Mulheres trabalhando”, em O feminismo é para todo mundo, 2018), “que trabalhar por salários baixos não liberta mulheres pobres da classe trabalhadora da dominação masculina.” Ao contrário, isso muitas vezes as mantem presas a ambientes onde prevalece a lógica patriarcal e misógina. Indo além, hooks nota que:


“Hoje, a maioria das mulheres sabe [...] que o trabalho não iria necessariamente nos libertar, mas que esse fato não muda a realidade de que a autossuficiência econômica é necessária para a libertação das mulheres. Quando falamos em autossuficiência como libertadora em vez de trabalho, precisamos dar o próximo passo e falar sobre qual tipo de trabalho é libertador. Claramente, empregos com melhor remuneração e horários flexíveis tendem a oferecer mais liberdade à trabalhadora.”


Nesse sentido, cabe lembrar que na conjuntura atual, de enfrentamento a um governo claramente opressor, misógino, machista, que atua contra o trabalhador e, especialmente, a trabalhadora, precisamos reforçar o teor político e a gênese operária desta data.


Neste dia 08 de março de 2022, nosso desejo de respeito, reconhecimento profissional e condições dignas de trabalho a cada uma das trabalhadoras servidoras da educação pública federal. Acreditamos que esse é o caminho para dar às mulheres autossuficiência econômica e consequente liberdade.


Silvani Lopes Lima, Sinasefe - BG

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